Universidade Estadual de Roraima é a anfitriã do encontro
A solenidade de abertura do 61. Fórum Nacional de Reitores da Abruem (Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais) foi realizada na última quarta-feira (22), no Salão Nobre do Palácio Senador Hélio Campos, em Boa Vista, capital do estado de Roraima.
Ao abrir os trabalhos do encontro e dar as boas-vindas aos participantes, o presidente da entidade, reitor Aldo Nelson Bona (Unicentro – Universidade Estadual do Centro-Oeste), ressaltou que “Boa Vista e a Universidade Estadual de Roraima passam a ser, nesses próximos dias, a sede da Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais, entidade que congrega 45 instituições. Juntas, nós representamos, aproximadamente, 45% de toda a oferta de ensino superior público no Brasil e respondemos por, em média, 42% de toda a ciência que se produz nesse país”.
Boa observou, ainda, que as universidades associadas encontram-se em diferentes estágios de desenvolvimento, mas que, apesar de todas as suas diferenças e assimetrias, se assemelham em uma aspecto: todas estão passando, em maior ou menor grau, por dificuldades de gestão, sobretudo no que diz respeito ao financiamento. “O contexto nacional de crise”, afirmou, “tem propiciado que governos, em diferentes intensidades, contingenciem recursos nos orçamentos de nossas instituições. Pior do que isso, o cenário atual tem permitido que alguns segmentos de alguns governos questionem o tamanho de nossas instituições, a pertinência de serem mantidas com recursos públicos e os resultados que têm apresentado.”.
Para Aldo, o mais terrível é que, no contexto desses discursos, surjam manifestações e pareceres encomendados de organismos internacionais, que sugerem ao país a revisão da gratuidade do ensino público, medindo o custo do serviço prestado com a régua do custo do ensino privado, em que a educação é tratada não como um bem social, mas como uma mercadoria, um produto no mercado.
É nesse cenário que o tema desse Fórum – “O empreendedorismo na gestão universitária: desafios, soluções e inovação na contemporaneidade”, sugerido pelo reitor Regys Freitas, da UERR (Universidade Estadual de Roraima), anfitriã doencontro – mostra-se muito pertinente. Afinal, permitirá “contribuir na busca de alternativas de financiamento para as universidades estaduais e municipais em uma conjuntura de escassez de recursos em todas as esferas de poder”, disse Regys.
A hora, reiterou Bona, é de resistir, para fazer frente ao desmanche privatista. “Não temos como exercitar resistência sem revisar nossos modos de gestão, sem empreender e inovar nas formas de relação com o Poder Público mas, sobretudo, nas formas de relação com a sociedade. Nós nos consideramos patrimônio do povo dos estados e municípios a que pertencemos, sem nos questionarmos profundamente sobre até que ponto a nossa comunidade assim nos considera; até que ponto estão dispostos a nos defender como intocáveis redutos de soberania local?”, disse, incitando a reflexão.
Durante a abertura, também foi ressaltado que as universidades públicas produzem mais de 95% de toda a ciência brasileira, sendo somos responsáveis pelo mínimo de soberania que este país tem em algumas áreas, encontrando, por exemplo, respostas e tratamentos para problemas de saúde tropicais, inovando em processos industriais, promovendo avanços sem os quais o país estaria ainda mais dependente.
“Entendo que só iremos reafirmar nosso valor e contar com o apoio da população, se nos reinventarmos na relação com a sociedade. Se não mudarmos esse quadro, não resistiremos sozinhos!”, finalizou o presidente da Abruem.
* com informações da assessoria de imprensa do UERR