
A primeira câmara abordou o cenário do protagonismo extensionista na transformação social e na integração entre as universidades e a população. Já a segunda discutiu os desafios da educação a distância e da democratização do ensino no formato virtual. Atualmente, o cenário da EAD no país concentra 97% das ofertas na rede privada e apenas 3% na rede pública.
A pró-reitora de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários (PROEC) da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Érika Kaneta Ferri, sublinhou as ações de extensão que promovem cidadania e dignidade às pessoas em situação de vulnerabilidade e citou, como exemplo, os migrantes que chegam ao estado e encontram apoio e assistência na UEMS. Ela realçou a transversalidade da extensão, a partir dos projetos de pesquisa fomentados na área do empreendedorismo. “Posso dar como exemplo as várias startups, que são produtos de pesquisa, entre elas a PantaIndo e a PantaBio, com produtos que vão dar sustentabilidade à agricultura familiar”, salientou.
Para a secretária de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEAD), Viviane Luzia da Silva, o Estado reconhece as universidades como parceiras estratégicas na formulação e implementação de políticas públicas transformadoras. Segundo a secretária, a cidadania é cultivada pelo pertencimento, engajamento e responsabilidade social, com políticas públicas efetivas e com a participação de todos — ou seja, universidade e cidadania caminham juntas. “Universidades são pontes para a transformação social e a construção de uma cidadania ativa. Projetos que integram ensino, pesquisa e extensão conectam o saber acadêmico às necessidades reais das comunidades”, reiterou.
Durante as câmaras técnicas, também foram debatidos os desafios para o governo, as universidades e a sociedade. Entre as propostas de melhoria na EAD, estão: a superação da fragmentação entre universidade, gestão pública e sociedade civil, que limita a construção de uma cidadania participativa; o enfrentamento ao desmonte de políticas públicas voltadas à educação crítica e emancipatória; a garantia de financiamento e estrutura para ações interinstitucionais com impacto social; e o combate à desinformação, à polarização e à negação da ciência, que enfraquecem o exercício da cidadania.
Vani Moreira Kenski, membro da diretoria da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), discursou sobre os desafios e oportunidades para as universidades públicas do Brasil. Ela frisou que as instituições de ensino superior precisam de políticas integradas, unindo pesquisa, extensão, inovação e sustentabilidade. Destacou, ainda, o crescimento dos cursos EAD.
“Os dados nos apontam que tivemos um crescimento de 49% na educação a distância. Temos mais de 3 milhões de estudantes na EAD e pouco mais de um milhão na educação presencial. São 24 milhões de ofertas de vagas e 14 milhões de empreendimentos. Temos 80% da educação a distância em 1.083 municípios e, infelizmente, não chegamos a 20% nos municípios que mais precisam da EAD. Temos ali um trabalho imenso para ser feito, porque, até hoje, a educação superior alcança apenas 18% da população com 30 anos de idade. Precisamos primar pela qualidade todos os dias”, concluiu.

Vani Kenski explanou, ainda, sobre os novos conceitos de atividade presencial na educação a distância. Enfatizou que a oferta educacional deve ser organizada de modo que os processos de ensino e aprendizagem, síncronos ou assíncronos, ocorram com a utilização de meios e tecnologias da informação e comunicação, permitindo que estudantes e docentes — ou outro responsável pela atividade formativa — estejam em lugares e tempos diversos.
A democratização do acesso à educação pelas universidades estaduais e municipais é fundamental na consolidação do princípio constitucional. Para isso, é necessário haver articulação comunitária, com integração de ações que favoreçam aprendizagens, empregabilidade e aumento da capilaridade.
Outro ponto fundamental é a proximidade regional, adequando as demandas locais e realidades territoriais específicas, com alcance ampliado, pois a EAD atende pessoas em regiões remotas e populações marginalizadas.
Por: Lucinéia Ramos e Rubens Urue. UEMS